Magnano hiperativo

Aposto que ele está na casa de alguém assistindo basquete.

Rúben Magnano está em todas. Se não for em todas, na maioria eu tenho certeza que sim. São jogos da seleção brasileira de base, das seleções estaduais, olímpiadas escolares, pelada na Praça Oswaldo Cruz, enfim ele está por toda parte. 

E isso é muito bom. Magnano está a frente de um projeto gigantesco para o basquete brasileiro, que virá juntamente com a construção do centro de treinamentos, mais ou menos como o de Saquarema. Aliás, a um tempo atrás o Sportv News fez uma série especial de reportagens mostrando como funciona o centro de treinamentos do voleibol e é impressionante, técnicos e times do mundo inteiro vem passar um tempo aqui no Brasil para aprender melhor e ver a estrutura. Maldito voleibol, sempre acertando! 

Voltando ao basquete, a Confederação Brasileira de Basquete, a princípio, pretente deixar treinando nesse novo local seleções de base permanentes. Algo inovador e até certo ponto controverso, mas pelo menos já é uma atitude diferente das que foram tomadas nos últimos anos por parte da CBB. Por isso, acho que ninguém melhor que Rúben para cuidar e garimpar novos talentos. Ele já deu uma entrevista dizendo que está viajando o país todo - veio aqui em casa almoçar esses dias- atrás de jogadores com o biotipo necessário pra jogar basquete. Você gordinho, baixinho, com seus 16 anos, esqueça tá? A vida não é bela a todos.

Apesar de achar que a criação de uma seleção permanente é arriscada, (afinal, como ficariam os clubes desses atletas?) é importante dar esse novo passo. E com isso estimular cada vez mais crianças a praticarem o esporte. Uma vez li que na Espanha, o primeiro objetivo da Federação era que todas as crianças conhecem  o basquete. Agora, a próxima etapa é fazê-las praticarem até chegar ao ponto de que ao invés de uma bola de futebol, quando duas crianças estiverem jogando, que seja basquete. Chega a ser lindo isso, soa aos meus ouvidos até como um certo absurdo, mas seriam as crianças perfeitas num mundo perfeito.

Para o Brasil, o perfeito seria voltar a jogar um jogos Olímpicos, ficar entre os 4 no Mundial e recuperar o prestígio de antes. A propósito, tem gente que quer a todo custo que o basquete seja novamente o segundo esporte nacional e eu fico me perguntando pra quê? Ora, somos um país com 200 milhões de pessoas (o Acre entra nessa contagem?), ser o primeiro, segundo ou vigésimo esporte é o de menos. Tem espaço para todos os esportes no país com muita gente praticando, o que falta é estrutura e acesso para todo mundo. Ficam perdendo tempo nessa paranoia de "ranking nacional de segundo melhor esporte" e desviam o foco da questão. É claro que eu sei que muita gente grande tem ido para aquele-esporte-que-voces-sabem-qual-é, mas será que se o basquete estiver a estrutura que hoje eles têm e começar a ganhar torneios importantes essa divisão não será mais igualitária? Tenho certeza que sim, até porque não significa que só pelo tamanho vai jogar bem basquete. É muito mais que isso, precisa-se pensar, estudar o jogo, ter dinâmica nos movimentos, coisa que no vôlei é deixado de lado se voce consegue levantar seus braços acima da rede -não podia passar o post inteiro só elogiando.

Enfim, vamos esperar para ver até onde essa história de centro de treinamentos vai e se o Magnano vai continuar viajando pelo país (ninguém vai dar uma mão pro cara?). E até 2016, saberemos se aqui teremos a cada 10 crianças, 1 bola de basquete. Não é muito, até porque nem contei com o Acre. 

By: Leandro Lima